A Apple protagonizou uma operação logística das grandes nos últimos dias de março. Segundo o jornal Times of India, a empresa lotou cinco aviões cargueiros com iPhones produzidos na Índia e enviou tudo diretamente para os Estados Unidos, numa corrida contra o relógio para evitar duas novas tarifas de importação que começaram a valer no país no último sábado (5).
A movimentação foi discreta, mas chamou atenção por envolver grandes volumes de produtos e estar diretamente ligada a medidas do governo norte-americano, que voltou a adotar uma postura mais rígida com parceiros comerciais.
Corrida contra as taxas
A estratégia da Apple foi simples: antecipar o envio de milhares de aparelhos para os EUA antes que novas tarifas entrassem em vigor. Uma delas, de 10%, mira especificamente produtos importados da Índia. Já a outra, mais pesada, impõe uma cobrança extra de 26% sobre eletrônicos produzidos fora dos Estados Unidos.
Se os iPhones ficassem armazenados fora do território americano após a data do início das novas taxas, a empresa teria que arcar com o custo adicional na hora de colocá-los à venda. Por isso, a pressa.

Embora a operação tenha sido concentrada na Índia, também há relatos de que a Apple fez movimentações parecidas em fábricas na China, embora sem confirmação oficial da quantidade de aparelhos envolvidos.
Até agora, a Apple não comentou oficialmente sobre a operação nem sobre possíveis ajustes nos preços. Mas especialistas já apontam que a empresa pode repassar os novos custos ao consumidor se as tarifas continuarem em vigor — o que pode deixar os iPhones mais caros nos EUA e até em outros mercados, dependendo da estratégia global.
A movimentação já teve efeito: nas últimas semanas, aumentou a procura por iPhones no varejo americano, com consumidores e revendedores antecipando compras com medo de reajustes. Segundo a Bloomberg, estoques paralelos também estão sendo formados para tentar lucrar com a possível alta.
Essa não é a primeira vez que a Apple — e outras gigantes da tecnologia — se veem no meio de uma disputa comercial. As novas tarifas são parte do plano de incentivo industrial dos EUA, encabeçado pelo ex e atual presidente Donald Trump, que busca forçar empresas americanas a produzirem mais dentro do país.
O problema é que boa parte da produção de eletrônicos ainda acontece na Ásia. A Apple, por exemplo, tem fábricas na China, Índia e outros países, operando por meio de parceiros como a Foxconn. Com a nova política de tarifas, esse modelo pode se tornar mais caro e complicado.
Logo após os anúncios, as ações da Apple sofreram queda na bolsa, e outras empresas do setor também foram impactadas. Além disso, a relação comercial com Índia e China pode se desgastar, o que cria mais incertezas para os próximos meses.